História
Nossa Senhora da Piedade é o “coração do concelho”! Esta freguesia integra a cidade-sede onde residem os serviços públicos fundamentais à dinâmica do município.
Com uma área de, aproximadamente, 20,7km2 [20,52Km2, Censos de 2011], é limitada pelas freguesias de Gondemaria e Olival, Seiça e Nossa Senhora das Misericórdias. A sua população pelos Censos de 2001 contava-se na ordem dos 6.712 habitantes [7.204 habitantes, Censos de 2011].
Com ocupação desde tempos remotos, os estudos arqueológicos aqui levados a efeito, provaram essa realidade (na Quinta da Boa Vista, no lugar da Corredoura, apareceram vestígios – três machados – atribuíveis ao Neolítico; no lugar do Carregal, apareceu cerâmica de construção atribuível à Pré-História Recente; no campo de futebol da Corredoura, aquando da abertura de uma estrada apareceram fragmentos de material de construção e muros da época Romana; na Zona Industrial de Casal dos Frades, aquando das obras apareceram fragmentos de cerâmica de construção, atribuíveis ao período Romano ou Medieval; no sítio de São Lourenço, no Alqueidão, apareceu também cerâmica de construção e doméstica, da época Alto Medieval).
O topónimo primitivo da actual sede de concelho seria Pedela, depois Castela e posteriormente Aldeia da Cruz, segundo a tradição oral, fruto de uma cruz erguida a mando de D. Nuno Álvares Pereira em memória de seu irmão. Esta cruz ainda hoje existe (ou parte dela) junto à Quinta dos Namorados. Segundo a imprensa local, a designação “Namorados” teria por origem uma lenda: “No sopé do monte onde está a Quinta dos Namorados, existiu a Fonte dos Namorados, célebre nas tradições deste povo que nos conta que, numa bela manhã, em tempos muito distantes, ali passaram o dia, conversando, dois namorados, ele com uma grade aos ombros e ela com uma bilha de água à cabeça, sem nenhum deles se lembrar de arrear estes pesados objectos, tal era o enlevo em que se achavam aquelas almas”.
Em 1831 era elevada a freguesia com a unificação das aldeias da Cruz, dos Álamos e Castela, passando a sede de concelho em 1841, por Alvará de D. Maria II, com a alteração do topónimo para Vila Nova de Ourém.
Tamanha elevação ficaria a dever-se ao rápido expansionismo do povoado para o qual contribuiu a deslocação das gentes para o sopé do monte por ocasião do Terramoto de 1755, que tanto atingira a velha Ourém, ou mesmo o mercado semanal já existente em 1734.
Pelos inícios do século XIX, a freguesia não escaparia ilesa às aterradoras invasões francesas, vendo destruídos a maior parte dos seus arquivos e colecções privadas.
Mas o carácter da população de Aldeia da Cruz e a fertilidade da planície em que assenta, fizeram com que a povoação rapidamente se recompusesse do choque provocado pelas invasões e poucos anos depois era já bem notório o seu crescimento.
Importava agora consolidar a economia desta terra, a meta era o progresso. Mas, antes disto acontecer, novo e rude golpe sofreu a freguesia com a Guerra Peninsular. Apenas três anos tinham passado sobre a elevação de Aldeia da Cruz, quando foi aqui colocado o batalhão voluntário de Trancoso. Naiper entrou na povoação no dia 12 de Maio de 1834. No Castelo, as forças opositoras disparavam sobre os escoceses do coronel Shaw e sobre o batalhão móvel de Alcobaça. No meio disto tudo, uma terra e um povo choravam novamente face ao seu infortúnio.
Uma vez mais se partia do quase nada, uma vez mais todas as mãos se davam, todas as forças se uniam e agora nada iria fazer parar a ascensão desta terra. À entrada do último quartel do século XIX, o então presidente da Câmara falava da urgência na concretização de melhoramentos. A Vila passa de Julgado a Comarca em 1875, e começa a rechear-se de edifícios públicos como o dos Paços do Concelho e o da escola, e com o tempo, viria a ser habitada por forasteiros que acorriam às importantes feiras e mercados, deixando-se ficar por aqui a organizar o comércio.
Seria nos finais do século XIX que surgiria a curiosa confusão em torno do orago da freguesia, como Pinho Leal tão bem pormenorizou: “Outra bulha: a memória do Dr. Elyseu diz que o orago d’esta parochia e de Nossa Senhora da Maternidade; o “Couseiro” de Leiria diz que é Nossa Senhora da Purificação; as publicações oficiais dizem que é Nossa Senhora da Piedade; e alguém já lhe deu como orago também Nossa Senhora do Pé da Cruz. Vejam que imbróglio!”.
O título de cidade, em 1991, conferiu-lhe um espírito mais cosmopolita e hoje, esta sede concelhia, é regida pelo comércio e serviços cujos postos de trabalho acolhem gentes de todo o concelho. Mas também proporciona equipamentos socioculturais e muito para ver a quem a visita.
Fonte: Excerto da Obra intitulada “Ourém – Uma História de Séculos, com Novos Horizontes…, Héstia Editores, 2010, págs. 132 e 133.
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